CADEIA CARIDADE




Está a chegar uma época a qual somos chamados a consumir, é a forma capitalista de entender o Natal, por isso os media nos vão metralhar com anúncios que apelam ao consumismo, como se o significado do Natal fosse consumir. O único consumo que devíamos fazer nesta época era o amor.

James Baldwin [o primeiro escritor que disse aos brancos o que os negros americanos pensavam e sentiam] disse que “ Nem tudo o que enfrentamos pode ser mudado, mas nada pode ser mudado enquanto não for enfrentado”, por isso em vez de uma atitude passiva nesta época, devemos, pelo contrário, fazer apelo ao nosso verdadeiro sentimento (interno) do Natal.

O Natal é, essencialmente, um dia de comemoração da família, que nos traz à lembrança os dias em que a família era importante (não estou a dizer que ela hoje não o é) e o seu seio era a nossa salvaguarda contra o mundo lá fora.

Hoje em dia, com os problemas que decorrem de más politicas impostas, mais uma vez, pelos senhores do dinheiro, a família está alterando o seu conceito. A procura de melhores condições de vida e de salvaguardar o futuro, obriga a que muitos procurem essa qualidade de vida longe da família, muitas vezes no outro lado do mundo, em sociedades e culturas diferentes que por vezes nos desenraíza dos nossos costumes familiares e nos faz adoptar outras formas culturais.

Mas o que mais me importuna nesta época, é o conceito de que alguns passam ao lado do verdadeiro sentimento da vida que o Natal nos devia transmitir…quantos são abandonados em lares, em orfanatos, nos hospitais, na rua e mesmo em casa esquecidos propositadamente porque o jantar com o chefe, os colegas de trabalho e amigos de ocasião é mais importante. É o conceito vazio da vida.

Confesso que esta época me emociona pela saudade que tenho de passar estes dias com aqueles que já não estão na matéria, mas que permanecem junto a mim, no coração na lembrança e no espírito.

Nada me diminui em dizer que as lágrimas correm nesta altura do ano (sinal de que amo), pela lembrança, não da fartura que sempre tive, mas da eterna saudade da mesa cheia, das palavras, dos abraços, dos beijos, da troca, do farrapo-velho, dos doces feitos pela avó, dos jogos, rapa – tira e põem, enfim do mundo que era esse dia.
Esse dia comemora o Nascimento de uma Criança que veio trazer algo, que deveria mudar as nossas mentalidades e conceitos de vida, mas está a demorar essa alteração, mas, ao mesmo tempo, algo está a ser feito para realizar essa alteração, porque não deveríamos querer ter muito e os outros pouco.

Como diz o poeta “Natal é sempre que um homem quiser” e é este espírito que deveríamos ter e, fazer com que esse espírito natalício, seja perpetuado no tempo para que as nossas atitudes sejam diárias e não nos lembremos de algo bom só nesta época. Natal deveria ser todos os dias, mantenhamos esta chama acesa sempre.

Sou o que sou, não sou nada, um ser que não é perfeito, mas que procura fazer dessas imperfeições a força suficiente para as corrigir e andar em frente, porque o meu conceito de vida é ser honesto e fazer o certo, mesmo que ninguém esteja a olhar. Não preciso que vejam, mas simplesmente que entendam, porque ninguém hoje está no pico da montanha e amanhã no sopé da mesma…

Toda esta partilha e este sentimento, porquê? Se o Natal ainda está longe.

Há dias e dias, há histórias e histórias mas há sempre algo que nos comove pela qualidade e não pela mediocridade, por isso partilhei no Facebook o vídeo que o Paulo também partilhou, porque ele é a essência da verdadeira cadeia da caridade, porque quando ela é feita de coração, não tem nome, nem morada, isto é simplesmente a verdadeira caridade.

Neste Natal vou entrar nesta cadeia, aqui, ali ou acolá, ninguém precisa de ver, basta a cadeia não ser quebrada…

Obrigado Paulo pelas lágrimas que me correram e me fizeram despertar…



PS -> vejam o vídeo, ouçam a história, com os olhos e os ouvidos do coração, basta isso

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