UMBANDA E A SUAS GIRAS

Numa gira de Umbanda (esta é a minha opinião) deve-se ter em vista que a únicas verdades são a Caridade e o Amor, o resto são formas de cultuar a Umbanda que varia de Terreiro para Terreiro, de região para região e que devem ser respeitadas.

A Umbanda é uma religião que reúne elementos culturais, envolvendo diferentes raças e credos no Mundo.

Pela rapidez com que Ela se propaga, e da forma como se instalou nas nossas vidas, pela sua simplicidade que a torna fácil de entender o ensinamento que as entidades que se apresentam trouxeram e trazem, talvez por isso não houve necessidade de uma codificação ou uma cartilha universal, por isso a Umbanda é simples e fácil de entender, ás vezes, nós humanos é que a complicamos

Mas, a primeira vez que assistimos a uma gira sentimos estranheza no orar a Orixás e esperar que os nossos problemas sejam resolvidos.

É incrível a rapidez com que a Umbanda se propagou e o interesse que tem causado no mundo inteiro, sendo alvo de estudos, onde tentam explicar um fenómeno que facilmente se conclui pertencer a outras esferas de actividade da vida.

Por isso, para mim, o mais importante do que estabelecer códigos e elaborar cartilhas é compreender a verdadeira missão da Umbanda. Entendê-la, como forças da natureza que interagem para que a sua missão seja alcançada. Para isso, o culto tem de ser grátis, sem atender a interesses particulares, entender que a Umbanda é uma religião voltada somente para o bem.

Mas também sabemos que a Umbanda tem os seus detractores, charlatães, falsos profetas, pessoas que usam o nome da Umbanda em benefício próprio. Grande missão a de um médium de combater através do esclarecimento a divulgação da essência da Umbanda.

Por causa destes charlatães é que há consulentes que chegam aos Terreiros e se pasmam com o facto de que os trabalhos realizados nas giras de Umbanda visam somente o Bem. Temos o dever de os calar, pois os piores detractores da nossa Umbanda são os que se dizem “Umbandistas” e se desviam do verdadeiro caminho do bem.
A Umbanda tem pilares básicos que nos são trazidos pelos trabalhadores espirituais, tais como a figura humilde dos Pretos-Velhos, que são os mestres da humildade. Devemos respeitar todas as religiões, desde que voltadas para o Bem e que respeite os direitos humanos.

A nossa Umbanda não precisa de ser pregada. Simplesmente ela se impõe no nosso contexto pelas verdades e características que as entidades trouxeram e trazem, para isso basta que olhemos e pensemos nas forças da natureza agindo, interagindo e actuando constantemente nas nossas vidas.

A Umbanda é bela e linda e está voltada exclusivamente para a Caridade.

Não devemos ter vergonha de ser Umbandistas, pelo contrário devemos assumir o nosso amor à Umbanda, contribuindo através de exemplos próprios na nossa vida, no nosso dia a dia. Não adianta ser Umbandista apenas dentro do Terreiro, temos de o ser principalmente fora dele.

Cada médium deve compreender que na gira (caridade) todos o estão fazendo: O Guia, o médium, os dirigentes materiais e espirituais, porque todos têm o seu pagamento espiritual através da lei do Karma. Fazemos o bem porque ultrapassamos a barreira do viver apenas por viver. Por isso dentro do merecimento de cada um, a vida nos ensina que nem todos os problemas podem ser resolvidos mas podem ser compreendidos. Reconheço que alguns problemas que se nos apresentam têm origem karmica e, portanto não podem ser resolvidos rapidamente, sendo exigido um tempo para a sua expiação.

E não adianta fazermos “birras” e “bater os pés” exigindo aos Orixás, Guias ou Entidades “uma solução imediata”, porque nenhum Deles se apresentam no Terreiro para resolver os nossos problemas materiais, tudo tem seu tempo e sua hora dentro do merecimento de cada um. Temos de pedir resignação e força para enfrentar as nossas dificuldades e auxilio para sermos merecedores do mérito que buscamos.

Assim muita gente age quando chegam a um Terreiro de Umbanda, senão têm o seu pedido atendido, é porque a Mãe ou Pai de Santo não são bons, porque o Terreiro é fraco ou porque a Umbanda não é de nada.

Nunca lhes passas pela cabeça que primeiro precisam de merecer alcançar determinada graça, ou que seja um processo kármico evolutivo pelo qual esteja a passar para sua própria aprendizagem. Mas infelizmente isto não acontece, porque muitos resolvem ser Umbandistas por medo, ou para a sua vida material melhorar. Temos de contribuir para mudar a mentalidade de alguns médiuns e aí sim mudar a mentalidade da assistência.

Temos a felicidade de o nosso Terreiro ser dirigido pela nossa Mãe de Santo que ultrapassa esses problemas, orientando a sua corrente mediúnica e a assistência do seu Terreiro em vez de se sentar no “trono” de dirigente e de responder com a célebre frase de muitos Pais de Santo “é assim porque é”. Nossa Mãe de Santo compreendeu que a Umbanda evoluiu e que esse tipo de papel não cabe mais na nossa Umbanda. O Estudo constante é fundamental. As entidades que militam na Umbanda estão cada vez mais evoluídas e esclarecidas do seu importante papel dentro da espiritualidade.

Cabe a nós Médiuns, tentarmos estar á altura dela.

P.S. – Este trabalho está longe de ter a pretensão de alimentar ego ou vangloriar o que aprendi, mas simplesmente resgatar e transmitir os ensinamentos que Eles me deixam, porque o mais importante é compreender a verdadeira missão da Umbanda, e nós no TUPOMI é o que fazemos sempre com a protecção da nossa Mãe de Santo.

Tudo é susceptível de polémica e critica, mas esta é a minha opinião sobre o nosso papel na Umbanda…somos trabalhadores na seara de Deus, simplesmente isso, nós é que complicamos

Axé



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