O BARQUEIRO E O SÁBIO
Era uma vez um homem muito sábio
que vivia numa província na China. Sabia muita coisa, isso sabia, mas era muito
convencido e mostrava vaidosamente sempre saber mais do que as outras pessoas.
Era também muito arrogante e não perdia uma oportunidade para humilhar os
outros, que não sabiam tanto como ele.
Um dia, no meio de tantas viagens
que costumava fazer em busca de mais saber, alugou uma barca para atravessar
para a outra margem do grande rio.
O barqueiro começou a remar e
durante a viagem o sábio não perdeu tempo para começar a humilhar o barqueiro.
Passou um bando de pássaros e o homem sábio perguntou ao barqueiro:
- Estudou a vida das aves?
- Não senhor – respondeu o
barqueiro
- Então digo-lhe que perdeu parte
da sua vida. Eu sei muito acerca das aves! Sou sábio!
Passado algum tempo, passaram
juntos a umas flores exóticas na margem do rio. Perguntou de novo o sábio:
- E botânica? Conhece botânica?
O barqueiro olhou para o sábio e
respondeu:
- Não, meu senhor! Sei lá o que
isso é…
- Não sabe o que é botânica? A
ciência que estuda as plantas?! – Comentou o homem sábio. – Que pena! Fique a
saber que perdeu parte da sua vida.
Mais adiante, o sábio perguntou
ao barqueiro se sabia astronomia.
- Não, senhor, não sei o que é
astronomia.
- A astronomia é a ciência que
estuda os astros, o espaço, as estrelas…- explicou o sábio – Que pena! Perdeu parte
da sua vida.
E, assim, durante toda a viagem,
o sábio foi perguntando bao pobvre barqueiro a respeito de física, química,
matemática, teologia. De nada o barqueiro sabia. E o sábio terminava sempre com
a mesma frase “Que pena! Perdeu parte da sua vida”
De repente, a barca começou a
meter água. Não havia maneira de deitar borda fora tanta água e a barca começou
a afundar-se.
Então o barqueiro perguntou ao
sábio:
- Senhor, sabe nadar?
- Não – respondeu ele. Sabia
quase tudo o que havia para saber, mas não sabia nadar.
Disse o barqueiro:
- Que pena, senhor! Acho que
perdeu toda a sua vida!
[adaptado de 100 histórias de
todo o mundo; Álvaro Magalhães; 2009; Edições ASA]
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