Depois disse
Almitra:
“Fala-nos do
Amor.”
Ele
levantou a cabeça, contemplou o povo e sentiu a calma instalar-se sobre todos.
E Almustafá, com uma voz grandiosa, declarou:
“Quando
o amor vos acenar, sigam-no, ainda que os seus
caminhos
sejam difíceis e ingremes.
E
quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o, ainda que
a
espada escondida no meio da sua penugem vos possa ferir.
E
quando ele falar convosco, acreditai nele, ainda que a
sua
voz possa destroçar os vossos sonhos, tal como o vento
do
norte devasta um jardim.
Pois
mesmo quando o amor vos coroa, crucifica-vos e quando
vos
faz crescer, tolhe-vos.
Quando
o amor se eleva á vossa altura e acaricia os ramos
Mais
frágeis que vacilam ao sol, também se baixa até ás vossas
raízes
, abanando-as quando se agarram á terra.
Quais
feixes de milho, o amor junta-vos a ele.
Abana-vos
para vos despir.
Peneira-vos
para vos retirar a casca.
Mói-vos
até á brancura.
Amassa-vos
até quer fiqueis moles.
E
escolhe-vos para o seu fogo sagrado, de molde a que vos
tornais
pão sagrado no banquete sagrado de Deus.
tudo
o que o amor faz por vós serve para conhecerdes os
segredos
do vosso coração, e para que na posse desse conhecimento
vos
torneis um fragmento do coração da vida.
Mas
se apesar de terdes medo, procurais apenas a paz e o
prazer
do amor, mais indicado é para vós, que cubrais a vossa
nudez,
e abandoneis a eira do amor.
e
entreis num mundo sem estações onde rireis, sem esgotar
todo
o vosso riso, e chorareis, sem esgotar todas as vossas
lágrimas”
“uma
forma de entender o amor”
[Fala-nos
do Amor – Reflexões sobre o Profeta, de Kabil Gibran - OSHO]
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