A RAPOSA MATREIRA
(ADPTADO DE A RAPOSA E O GALO; 100 HISTÓRIAS DE TODO O MUNDO; ÁLVARO MAGALHÃES; ED. ASA)

Uma raposa esfomeada andava a caçar há dias e nada encontrava para comer. Passados alguns dias, encontrou-se com um galo que cantava empoleirado no ramo alto de uma árvore. Que belo petisco aquele, pensou a raposa matreira! O galo estava bem alto, por isso a raposa não lhe chegava. Tinha de pensar numa maneira de enganar o galo e convencê-lo a descer.
- Querido galo, ainda bem que te encontro – disse a raposa – tenho uma boa notícia para te dar.
- Quiquiriquiqui! Ora diz lá, bela raposa!
- Sabias que foi assinada a paz entre as raposas e aves? Disse a raposa.
- Portanto eu e tu já não estamos em guerra. Gostava de te dar um abraço, já que agora somos considerados amigos. Queres descer daí para eu te abraçar?
O galo abriu as asas, bateu-as duas ou três vezes, mas deixou-se ficar no mesmo sitio.
Não ouvi falar em nada – disse ele – tens a certeza?
- Sim podes descer á vontade que não te farei mal.
- Então não foram assinados vários acordos de paz para vários animais? E entre as raposas e os cães, também foi assinada a paz? – Perguntou o galo.
- Sim também estão feitas as pazes – respondeu a raposa – É um grande dia para a floresta. Então desces ou não desces?
O galo voltou a abrir as asas, bateu-as duas ou três vezes, mas continuou no mesmo sítio.
- Ainda bem que é assim – disse ele por fim – Vêm aí dois cães nesta direcção e parece que já te viram. Se calhar, vêm dar-te a mesma notícia.
Ao ouvir isto, a raposa estremeceu e, com o rabo entre as pernas, procurou aflitivamente um sítio para se esconder.
- Porque te escondes, raposa? Não foi assinada a paz entre os cães e as raposas? – perguntou o galo divertido.
- Sim, sim, mas talvez eles ainda não saibam e não me dêem tempo de lhes dizer – respondeu a raposa antes de fugir a sete pés.
- Pois, pois… A mentira dura sempre muito pouco! Disse o galo, e cantou: - Quiquiriquiqui! Quiriquiriquiqui – que na língua dos galos quer dizer! Não saio daqui! Não saio daqui


- Um conto para crianças, com uma lição de vida, que nos ensina que a mentira tem sempre perna curta, um dia ela vem sempre ao decima, tal e qual o azeite…o que nos traz a perfeita noção de que a verdade e a mentira caminham sempre por caminhos opostos

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