A Fé de Jó…é a nossa Fé

O Livro de Jó é um dos livros sapiencial do antigo (velho) Testamento e da Tanach (conjunto de livros sagrados do Judaísmo). Dizem as teorias bíblicas que a temática do Livro de Jó não é o problema do mal, nem do sofrimento dos justos e inocentes e muito menos o apelo á “Paciência de Jó”, mas, isso sim, a natureza da relação entre o Homem e Deus.

Jó, apesar dos contratempos, nunca perdeu a Fé em Deus, contrariando muitas vezes o conselho da própria esposa, mantendo-se firme na sua Fé, mesmo após tudo o que lhe aconteceu. Em Jó vemos o simbolismo do exilio da Babilónia (do Povo de Judá) que tinha perdido tudo, inclusive o bem maior que cada povo possui, a sua liberdade.

“Eu te conhecia de ouvir. Agora, porém, meus olhos Te vêm”

É o ponto de chegada de toda a narrativa, transformando a vida do pobre em lugar da manifestação e experiencia de Deus. Concluímos que a experiencia com que Jó passou é a proclamação de que somente o pobre é apto para passar pela experiencia de anunciar a presença e acção de Deus na nossa vida.

Mas, o que é que a Umbanda tem a ver com isto?

Muito… porque embora não defendendo o espírito de viver na pobreza, nenhum Umbandista faz voto de pobreza, porque, também, temos a noção de que Deus favoreceu sempre os mais pobres, os mais aflitos, os mais sofredores e os pobres de espírito que vivem uma fase transitória neste planeta.

Mas para entender melhor a doença e a cura de Jó, nada melhor que explicar a Fé que cada um transporta em si. Renegar a sua condição, a sua raiz, a sua civilização e cultura, os seus ideais políticos, religiosos, culturais e sociais é apanágio dos fracos e traidores, que a histórica bem tem documentado. E, tal como Jorge da Capadócia jamais renegaremos a Fé em Deus, não a religião, mas o Deus que está em cada um de nós, jamais o renegaremos, mesmo na hora do sofrimento ou da morte.

Por isso, quem tem Fé:

·         Jamais se poderá sentir humilhado pelos outros, que pelos seus preconceitos pretendem ter o monopólio da Fé, em Deus.
·         Testar-nos – foi como Jó se deve ter sentido, testado na sua Fé; para lograr pela tentação quebrar a Fé que devemos ter na nossa missão. Não devemos cair na tentação, mas mantenhamos a noção de que a carne é fraca, por isso questionemos tudo, menos a nossa Fé em Deus que é inquestionável.
·         Reorganizar prioridades é a nossa maior tarefa porque a vida ´
·         E de escolhas e pelas escolhas organizamos a vida que trazemos para palmilhar. Atitude e coerência nos actos para que a Fé não seja um estigma social e mental, mas uma permanência na verdadeira estada da vida.
·         Disciplina é o factor que todos nós devíamos criar para que os nosso actos não sejam casuais, mas sim, imbuídos no espirito da Fé que projectamos para fora de nós. Cada Médium é uma forma de estabelecer contacto com os espíritos que nos rodeiam, somos um imã e como tal, temos a obrigação de disciplinar essa parte da comunicação com a Luz que nos assiste. Se não nos mantivermos disciplinados na nossa mediunidade somos porta aberta para tudo e todos, os bons e maus, os angélicos e os demoníacos, os que habitam a luz e os que fazem morada nas trevas, por isso Disciplina… Disciplina… Disciplina e finalmente “Orar e vigiar”
·         Preparar para receber bençoes futuras sempre que estamos preparados para estar disciplinados na palavra e nos actos que nos transportam para a morada do Senhor. Deus já preparou a nossa estadia, deu-nos a vantagem de aprender e crescer, abriu-nos a porta, aconchegou-nos durante as noites frias, afagou-nos e enxaguou as lágrimas, tudo isto porque o nosso Deus é Amor, tudo isto porque Ele, simplesmente, nos ama.
Médium é sinónimo de responsabilidade, de atitude, de amor, de sofrimento, é doação, é libertação, é disciplina, é vontade e atitude regeneradora com a Fé em Deus único e doador de Amor.

Jó é paciência na Fé que cresce em nós, não na pressa de ser, mas de simplesmente mostrar que se É. Por isso é que Jó faz parte do coração de um médium, porque ele simboliza a Fé na crença e a crença na Fé. E depois quem tem Deus, tem tudo…


Teófilo Pereira/Junho 2016

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