EU
FUI ESCOLHIDO NO VENTRE DE MINHA MÃE, EU SEI QUE DEUS NÃO ABRE MÃO DE MIM, NÃO …
Sempre
que se fale de um suicídio, sempre se liga á morte do corpo e quando o suicídio
é moral, ético, politico ou religioso, liga-se á mente e ás crenças que
profere. Deus não valoriza a quem num sinal de desespero e num último recurso (por
vezes) pratica este acto. Nós condenamos, mas talvez se tivéssemos estado
atentos poderíamos evitar esse recurso ao desespero do desaparecimento de Deus
no coração de quem está perto do precipício.
Sempre
deambulando pelo vale dos suicidas, ouvimos gritos e lamentações, cada grito
tem uma história e cada lamentação um parágrafo dessa mesma história e, muitas dessas
mesmas histórias, tiveram um nascer feliz mas um final terrível, mas é aqui, na
nossa consciência que temos de trabalhar e juntamente com falta de fé, a
desilusão e a ilusão de vidas e coisas diferentes, criar um elo de ligação
entre o estado físico e espiritual.
Não
tenho vocação para viver com traições, não tenho vocação ficar parado perante
injustiças e lamurias, não tenho vocação para mentir e nem vocação para “padre”,
aqui distingamos o conceito de padre do conceito de sacerdote, são duas coisas
totalmente diferentes, enquanto o primeiro se sente obrigado, o segundo segue
uma vocação milenar. Eu (pessoalmente) prefiro o sacerdote ao padre, O padre
usa o conceito de “olha para o que digo, não para o que faço”, enquanto o sacerdote
usa a atitude positiva da Fé e na crença em Deus, portanto não dissimula,
simplesmente cumpre o seu sacerdócio na unidade com o mundo espiritual.
Dizem
que a Fé é doce, e eu concordo até porque a doçura da vida está no mel que Deus
espalha pelo mundo, por isso sempre que alguém prova o fel da vida, questiona
sempre e coloca sempre a culpa no outro e nunca em si.
A
minha Fé é intrínseca ao meu próprio conhecimento da vida e, naturalmente todos
os dias aprendo algo de novo, na ilusão como na desilusão, é assim a vida, por
isso procuro sempre com todos os actos aprender, porque na mais ínfima atitude,
ela pode gerar algo de grande, há que aproveitar o positivo da vida encarando a
parte negativa com atitude libertadora que só a união do corpo com o espírito nos pode dar…
E,
não… a culpa não é, nunca foi de Deus e quando não O sentimos no coração,
sempre O acusamos de se ter afastado de nós nos piores momentos. Não, nessas
alturas o único culpado sou eu, porque quem se afastou de Deus fui eu, com
atitudes passivas e negativas perante a vida. Por ter renascido humano, serei
sempre susceptível ao erro, a concepções e opções erradas, porque algo de
maravilhoso Deus me proporcionou para que eu possa evoluir na carne e no espírito – o livre arbítrio.
Disso
jamais terei a ousadia de acusar Deus, porque todos os dias Lhe agradeço o
estar aqui, e Ele estar comigo nos bons e maus momentos da minha vida, se
calhar é quando não dou por Ele, é quando Ele está mais perto de mim,
carregando comigo repondo-me no caminho certo que devo trilhar, talvez por
vezes acorde confuso mas essa é a maravilha de ser humano e entender a centelha
de Deus no coração que é sinal de que estou vivo – Deus é amor e por isso
jamais O poderei acusar de estar longe de mim e sempre Lhe agradeço de todo o
coração as graças, protecção e auxilio que Ele sempre me deu, mesmo quando
estou revoltado, desanimado e descrente. Para mim a Fé foi uma conquista não
uma herança.
Talvez
eu queira desistir, mas a força para ficar é maior. Talvez esteja cansado e
como qualquer guerreiro um dia a espada tem de ser pendurada, mas a conquista
dos meus sonhos ainda não terminou, estou ciente do meu passado de cavaleiro
nobre em sentimentos, actos e palavras, Talvez por isso, estas sejam as últimas
palavras. Consciência tranquila por tudo o que fiz e farei, porque moral e eticamente
só assim estarei tranquilo e consciente que procuro a verdadeira fonte da Fé
que se encontra no horizonte da estrada que venho palmilhando ao longo dos
tempos e onde o Nazareno se fez presente e nos ensinou que tudo se resume a uma
simples palavra, que define todo o universo de sentimentos e actos conscientes –
O AMOR.
Resta-nos
entender que somos um Todo e nunca um Tudo, porque causas, ideais, e interesses
colectivos deveria ser a prioridade de todos os seres humanos, mas só poderemos
ascender a um estado superior, quando tivermos a capacidade de entrar no
sofrimento do outro e sentir as mágoas, dores e desilusões, para poder dizer
com toda a certeza…EU ESTOU AQUI.
João
Ramalho – Outubro 2016
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